18 de Outubro de 1975. O Sporting de Juca tivera um defeso agitado com as perdas de jogadores da importância de Carlos Alhinho, Dinis (ambos em litígio e ambos para o FC Porto) ou Yazalde. À equipa faltava algum ritmo competitivo, por isso o Campeonato não começou da melhor forma. À entrada para a 7ª jornada, os leões andavam pelo 6º lugar, e uma visita às Antas não vinha na melhor altura.

A resposta do conjunto foi, no entanto, notável num jogo que ficou célebre e a fazer parte das histórias curiosas do futebol português devido a um golo “fantasma” que foi considerado como legítimo. A partida disputou-se sob um manto impressionante de nevoeiro, que complicou muito a vida ao árbitro Alder Dante. A equipa leonina: Damas (cap); Inácio, Zezinho, José Mendes e Da Costa (Tomé); Valter, Nélson e Fraguito; Marinho, Manuel Fernandes (Baltazar) e Chico.

O Sporting entrou em jogo praticando um futebol baseado no contra-ataque, e aos 15 minutos já vencia por 2-0! Os leões marcaram o 1º golo aos 7 minutos. Num canto marcado pela direita, Chico respondeu com uma cabeçada oportuníssima, inaugurando o marcador. Ao quarto-de hora surgiu o 2-0 numa jogada muito rápida na qual a bola foi parar a Manuel Fernandes e o ex-cufista não perdoou.

O FC Porto “voltou” ao jogo 2 minutos depois com um golo de Murça, em claríssimo fora-de-jogo, assinalado pelo fiscal de linha, mas ao qual o árbitro não atendeu.

O intervalo chegou com 1-2, mas aos 55 minutos, solicitado por Oliveira, Gomes rematou na passada, ficando depois desolado, no chão, por a bola ter ido às malhas laterais. Inesperadamente o árbitro considerou golo (para surpresa de todos) por não ter reparado que foi um apanha-bolas a pegar na bola e introduzi-la dentro da baliza de Damas. Na sequência do lance gerou-se uma confusão tremenda. Um fotógrafo entrou dentro de campo para dizer ao árbitro que não fôra golo. Damas estava completamente fora de si. Atrás da baliza toda a gente vira que não tinha havido golo, mas só um apanha-bolas (talvez o que metera a bola na baliza) afirmava veementemente que sim, que a bola entrara. Na sequência do lance, e devido aos duros protestos, Valter foi expulso.

O FC Porto entrou então num período em que, um tanto atabalhoadamente, tentava chegar ao triunfo, mas surpreendentemente, ou talvez não, foi o Sporting, mesmo em inferioridade numérica, a chegar à vantagem definitiva aos 73 minutos por Baltazar. Marinho marcou um canto na direita, e em queda, de forma fulminante, o louro sportinguista cabeceou fazendo a bola entrar junto ao poste.

O Sporting arrancou assim uma vitória saborosíssima, numa equipa em que Damas, Fraguito e Marinho estiveram em plano muito destacado. No final surpreenderam as declarações de Oliveira, o capitão portista, que afirmou: “Não foi golo, não senhor. Segui a jogada toda e não tenho dúvidas de que não foi golo. A bola ficou entre a rede e o ferro. Fui até eu que a fui buscar e não tenho dúvidas de que não houve golo. O Sporting ganhou como podíamos ter ganho nós. Se o tal golo dá ideia de que o Sporting foi prejudicado a ideia é errada. Nós é que o fomos, na medida em que ficámos empatados julgando a recuperação mais facilitada. O Sporting, ferido pela decisão injusta, reagiu bem. Costuma dizer-se que Deus não dorme, e foi o que aconteceu mais uma vez”.

Já para Juca: “Foi uma vitória maravilhosa, na qual a equipa confirmou a melhoria geral que tem vindo a atingir. Só foi pena que o árbitro tivesse estragado o jogo ao validar o 1º golo do FC Porto em fora-de-jogo e considerar o 2º (um sonho fantástico e irreal), para além da impiedade na expulsão do Valter. O Sporting, ainda assim, arrancou uma das vitórias mais maravilhosas de que me lembro”.

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