27 de Setembro de 1994. Nessa noite o Sporting recebeu o Real Madrid em jogo da 2ª mão dos 1/32 avos final da Taça UEFA. A equipa leonina prometia muito. Carlos Queiroz mantinha-se no comando técnico depois de ter chegado muito perto do título na época anterior. As aquisições foram valorososas. Destaque-se as dos centrais Marco Aurélio e Naybet e as dos centrocampistas Oceano, Carlos Xavier, Sá Pinto e Amunike. O jovem Dani, com “carradas” de talento, prometia poder vir a ser uma figura de 1ª grandeza no futebol mundial.
O Campeonato começou bem, com vitórias, mas o sorteio não foi favorável para a 1ª eliminatória da Taça UEFA, colocando os leões perante o Real Madrid. O Sporting fez uma grande exibição em Madrid. Só nos primeiros 10 minutos os sportinguistas não estiveram bem, mas depois realizaram uma prestação de grande categoria, pelo que o 0-1 final se afigurou como doloroso e pouco de acordo com o desenrolar dos acontecimentos.
Na partida da 2ª mão houve uma noite de grande intensidade em Alvalade com um ambiente magnífico num estádio cheio de adeptos crentes numa noite mágica dos leões. A equipa: Lemajic; Nélson, Valckx, Marco Aurélio e Paulo Torres; Oceano (cap) (Cadete) e Peixe; Figo, Sá Pinto (Carlos Xavier) e Balakov; Juskowiak.
O Sporting entrou na partida da melhor maneira possível, inaugurando o marcador logo aos 2 minutos na sequência dum canto marcado por Balakov e onde, após alguns ressaltos, Sá Pinto fez o golo. Foi o delírio, e eliminatória estava igualada. 2 minutos depois Juskowiak, completamente isolado, optou pelo remate em força, mas fê-lo na direção do guardião madrilista Buyo.
A pouco e pouco o Real Madrid começou a optar por trocar a bola tentando “congelar” um pouco o entusiasmo sportinguista, e aproveitando uma saída em falso de Lemajic, Laudrup fez o receado empate ao quarto-de-hora… O Sporting desanimou um pouco, mas lentamente recomeçou a ganhar ânimo, para o que muito contribuiu um remate muito bem colocado de Oceano à meia hora, fazendo o 2-1.
O Sporting entrou na 2ª parte exercendo um pressing intenso, mas falhou boas oportunidades (havendo também a referir um penalty cometido sobre Juskowiak, logo no início – não assinalado) até aos 60 minutos para readquirir vantagem. A partir daí o Real Madrid, muito bem comandado por Laudrup, começou a impôr o seu jogo, criando também jogadas de perigo. A entrada de Carlos Xavier e depois de Cadete levou a equipa a uns últimos minutos de grande esforço, em que tentou de tudo para ganhar vantagem na eliminatória. A 2 minutos do fim Juskowiak atirou ao poste, a bola andou sobre a linha de golo mas inacreditavelmente não entrou… Até final ainda houve uma mão dum defensor espanhol na sua área que o árbitro (James McCluskey, da Escócia) não viu, e uma excelente oportunidade perdida por Figo, que rematou à figura de Buyo. No final foi a equipa de Jorge Valdano a seguir em frente, mas o Sporting foi mesmo superior no conjunto dos 180 minutos.
Carlos Queiroz estava muito inconformado: “Esta foi uma grande eliminatória europeia onde nenhuma das duas equipas merecia sair fora. Tivémos muita força mental para depois de sofrer o empate irmos à procura do 2-1. Depois arriscámos tudo e ou marcávamos de novo ou sofríamos o empate… Tivemos duas ótimas oportunidades para fazer o 3-1 mas não o conseguimos… Esta é uma vitória com sabor a derrota”.
Acrescente-se que Jorge Valdano nunca mais se esqueceu desta duas excelentes exibições da equipa do Sporting, e, anos mais tarde, como diretor desportivo do Real Madrid, fez questão de contratar Carlos Queiroz para seu treinador.
Esse foi o jogo 147 e a vitória 63 do Sporting nas Competições Europeias de Futebol.