Cândido Fernandes Plácido de Oliveira nasceu a 24 de Setembro de 1896 no Alentejo, em Fronteira. Novíssimo foi para a Casa Pia, e mais tarde para o Benfica pela mão de Cosme Damião, o casapiano que se tornara seu ídolo. Em 1919, com a fundação do Casa Pia Atlético Clube, não resistiu ao apêlo e mudou de camisola.
Alinhou na 1ª Seleção Nacional (como capitão), contra a Espanha (1-3), em 1921, ao lado dos leões Jorge Vieira e João Francisco, e treinado pelo também leão Augusto Sabbo. Entretanto trabalhava nos Correios e já escrevia em jornais.
Era um homem da cultura que nunca perdeu o sentido da ação social e da política. Em Abril de 1942 foi preso pela PIDE no Tarrafal (onde sofreu violentas torturas) com a suspeita de ser o líder duma organização antifascista ligada aos serviços secretos ingleses vocacionada para orientar a luta de guerrilha contra os alemães no caso de estes se apoderarem da Península Ibérica. Sobre esse episódio escreveu um livro chamado “Tarrafal – o pântano da morte”, publicado a título póstumo após o 25 de Abril de 1974. Com a vitória dos Aliados foi libertado.
Depois de passar pelo comando técnico do Casa Pia, Belenenses e Seleção Nacional, o “Chumbaca” (como era apelidado pelos amigos pela sua figura corpulenta) chegou ao Sporting no decorrer da temporada 1945/46, exigindo no entanto que Abrantes Mendes (o técnico substituído), se mantivesse na estrutura do Futebol leonino. O seu “dedo” logo se fez notar, e os leões acabariam por ganhar a Taça de Portugal (4-2 ao Atlético CP) na 1ª final realizada no Jamor.
Para o ano seguinte foi contratado o britânico Robert Kelly, ficando Cândido como supervisor técnico. Os verde e brancos venceram o Campeonato e o Regional lisboeta, só não triunfando na Taça porque ela não se realizou (!), e marcando um recorde de 160 golos em jogos oficiais!
Em 1947/48 Cândido ficou como técnico principal coadjuvado pelo seu “discípulo” Fernando Vaz, dupla que se manteria na época seguinte. Nesse tempo ganhou 2 Campeonatos (sendo o principal responsável pelo 1º tri-Campeonato do Futebol português), uma Taça de Portugal e chegou à final da Taça Latina. Com o abandono de Peyroteo deixou também o Sporting, de consciência tranquila e como um vencedor, procurando novas aventuras.
Na História do Futebol do Sporting é o 3º treinador com melhor rendimento (80,6%), o 3º com melhor percentagem de vitórias (77,6%), o 2º com melhor média de golos marcados (3,88) e o 2º (a par de Paulo Bento) com mais troféus oficiais conquistados (4).
De samarra e boina basca, com que ía para os treinos e para os jogos, Cãndido de Oliveira foi o melhor treinador do seu tempo. Sabia inovar, surpreender os adversários, arriscar no momento certo e manter um diálogo constante e proativo com os jogadores. Com ele coabitaram os “violinos” nos seus 3 anos “loucos” de ação.
Após sair do Sporting continuou a carreira de treinador e jornalista. Passou pelo Brasil, pelo FC Porto e pela Académica, e foi dele a ideia de fundar (o que concretizou com Ribeiro dos Reis e Vicente de Melo) o jornal “A Bola”. Morreu a 23 de Junho de 1958 com uma inflamação pulmonar quando cobria o Campeonato do Mundo da Suécia para o jornal que idealizou.
CÂNDIDO DE OLIVEIRA como treinador do SPORTING | ||||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % | TÍTULOS |
1945/46 | 7 | 6 | 1 | 0 | 40 | 12 | 92,9 | TP |
1947/48 | 31 | 25 | 1 | 5 | 115 | 45 | 82,3 | CN – TP |
1948/49 | 29 | 21 | 2 | 6 | 105 | 40 | 75,9 | CN |
TOTAL | 67 | 52 | 4 | 11 | 260 | 97 | 80,6% | 2CN – 2TP |