Malcolm Alexander Allison nasceu a 5 de Setembro de 1927 em Dartford – Inglaterra. Sempre foi uma pessoa com carisma, e como futebolista alinhou em clubes como o Charlton ou West Ham. Uma tuberculose obrigou-o a retirar um pulmão, mas mesmo assim voltou a jogar (a um nível inferior). Depois foi vendedor de automóveis e jogador profissional de cartas.
Já tinha um longo percurso como treinador antes de chegar ao Sporting, de onde se destacara um importante período como adjunto do manager Joe Mercer no Manchester City, numa era em que o clube viveu os melhores anos da sua História.
Chegou para treinar o Futebol do Sporting a 3 de Junho de 1981 após uma temporada muito irregular dos leões. À chegada afirmou: “Gosto de jogadores que trabalhem muito”. Acompanhou a equipa (ainda dirigida por Radisic) nesse final de época ao Torneio Internacional de Caracas – que o Sporting venceu deixando excelentes apontamentos ao novo técnico.
Para a nova época indicou a contratação do guarda-redes Meszaros, para ele “um jogador fabuloso” – o que se viria a confirmar. Contou com outros novos jogadores muito importantes como Oliveira ou Nogueira e não se fez rogado em apostar fortemente em jovens como Carlos Xavier, Mário Jorge, Virgílio (o futebolista mais utilizado por Allison) ou Ademar.
Apesar dum empate (2-2) na estreia com o Belenenses, as coisas começaram bem e rapidamente o Sporting se destacou no comando do Campeonato. Nem a eliminação europeia (com muita infelicidade) perante o Neuchatel Xamax (adversário muito inferior) obstou a que a carreira da equipa fosse muito positiva. O Campeonato foi confirmado na antepenúltima jornada e a Taça de Portugal ganha com goleada ao Braga.
Allison era diferente do comum dos treinadores. Nas conferências de imprensa após vitórias importantes falava enquanto bebia champanhe. O bom ambiente no seio do grupo era uma constante.
Numa entrevista ao jornal “A Bola”, já com o título conquistado, teve tiradas interessantes. Fazendo uma alusão ao importante Sporting-Porto no qual deixara surpreendentemente Jordão no banco referiu: “Ao tirar Jordão da equipa fi-lo pensar e ele tornou-se melhor jogador e melhor homem”. Outra afirmação curiosa foi a de que “Oliveira, quando rende o seu melhor, é dos melhores jogadores do mundo”. Quanto ao capitão: “Manuel Fernandes é o melhor capitão das equipas portuguesas. Sacrifica-se e sabe quando existe um problema. No campo e fora dele”. No que diz respeito ao seu trabalho propriamente dito: “Tive trabalho a convencer todos de como é fundamental lutar pela conquista da bola. Marinho e Virgílio, por exemplo, foram importantíssimos nesse aspeto”.
Após um época de sucessos, Malcolm Allison ainda permaneceu no Sporting até ao final do estágio de pré-época de 1982/83, que se realizou na Bulgária. Na chegada a Lisboa a Direção leonina decidiu (para surpresa geral) suspender o técnico inglês, que foi substituído por António Oliveira. Os motivos alegados foram os “excessos” cometidos na Bulgária, de onde chegaram ecos de noitadas no hotel. Começava aí um longo período de 17 anos sem os leões conquistarem o Campeonato…
Para a História ficou como o 3º treinador sportinguista mais difícil de bater (a seguir a John Toshack e Robert Kelly), ao perder apenas 9,3% dos jogos oficiais realizados. Com ele o Sporting praticava um futebol ofensivo, muito agradável à vista e geralmente eficaz.
Depois esteve no Middlesbrough, Seleção do Koweit, Vitória de Setúbal (colocou os sadinos a praticar um futebol espetacular), Sporting Farense e Bristol Rovers (onde terminou a carreira em 1993). Começou então a ter problemas de saúde e passou os últimos anos da sua vida num Lar para Idosos com Alzheimer. Morreu a 15 de Outubro de 2010.
Malcolm Allison (ou “Big Mal” como era conhecido) foi um homem marcante com um gosto especial por mulheres, álcool e charutos. A ele ninguém ficava indiferente. Havia quem lhe chamasse excêntrico, mas os testemunhos das pessoas que com ele contactaram falam de um homem muito interessante, sensível e culto.
MALCOLM ALLISON como treinador do SPORTING | ||||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % | TÍTULOS |
1981/82 | 43 | 29 | 10 | 4 | 99 | 33 | 79 | CN – TP |