4 de Setembro de 1955. Sporting e Partizan de Belgrado disputaram no Estádio Nacional (que viveu um dos seus dias mais significativos) a 1ª partida da História daquela que ainda hoje é a competição “raínha” de clubes na Europa. As equipas acederam a essa 1ª edição da prova por convite e fruto do seu prestígio internacional. Sublinhe-se que, na altura, o Sporting nem era o Campeão Nacional, mas detinha indiscutivelmente a primazia em termos de notoriedade além-fronteiras.
Os leões eram orientados por Alejandro Scopelli e alinharam com: Carlos Gomes; Caldeira, Passos e Galaz; Barros e Juca; Hugo, Vasques, Martins, Travassos e Quim.
O Sporting entrou a jogar a favor do vento, que soprava forte no vale do Jamor. A partida começou equilibrada com animadas jogadas de ataque de parte a parte, mas com ambos os guarda-redes a responderem bem quando solicitados. Numa fase em que os jugoslavos detinham algum ascendente, jogando os portugueses em contra-ataque, 2 dribles de Vasques proporcionaram uma boa ocasião a Hugo, mas este rematou para as nuvens.
O desafio estava muito interessante, e aos 14 minutos o Sporting fez 1-0, o 1º golo da História da Taça dos Campeões Europeus! Em luta com Zebec, Martins levou a melhor, e com a bola a saltitar desferiu um excelente remate a meia altura, forte e bem direcionado, sem hipóteses para o guardião contrário.
O Partizan pareceu um pouco desorientado e passou a utilizar alguma despropositada dureza. Apesar disso tomou a iniciativa, proporcionando belíssimas intervenções a Carlos Gomes. O Sporting, sobretudo numa ocasião por Hugo (salva sobre o risco), esteve até perto de aumentar a contagem, mas foram os visitantes a chegar ao empate, por Bobek, já 1 minuto depois dos 45.
Num início de 2ª parte equilibrado, foi o Partizan a fazer o 1-2, de novo por Bobek, apesar da boa saída de Carlos Gomes, que ainda tocou a bola. Os visitantes, moralizados, partiram em busca de novo golo, mas o Sporting foi respondendo como podia, e com o passar do tempo podia cada vez mais.
Aos 56 minutos os leões tiveram 3 óptimas oportunidades consecutivas para marcar, por Hugo, Passos e Juca, mas Stojanovic esteve brilhante… Borozan, desvairado, agrediu Travassos a pontapé (o português ainda saiu lesionado para depois voltar), mas o árbitro francês limitou-se, estranhamente, a aconselhar calma.
Aos 68 minutos o mesmo Travassos rematou forte, de longe, o guardião não segurou e Quim (que se estreava oficialmente de verde e branco), muito rápido, restabeleceu a igualdade. O Sporting ficou senhor da situação, dominando o jogo, pelo que foi com grande surpresa que Bobek fez o seu 3º golo, depois de passar Passos e atirar colocadíssimo. Foi um “balde de água fria”, o Sporting esmoreceu, mas apesar disso a juventude e irreverência de Quim fez-se sentir numa primorosa abertura para Martins, e este, não se fazendo rogado, voltou a empatar a partida, aos 78 minutos.
Até final o Sporting deu tudo por tudo para vencer mas não o conseguiu. Ambos os guarda-redes ainda brilharam, assim como o poste da baliza de Carlos Gomes a remate de Milutinovic… No final, um resultado natural de 3-3. E se Vasques afirmou que: “O Partizan é uma das melhores equipas que tenho visto jogar”, já Travassos referiu: “Fui massacrado, tentaram de todas as maneiras tirar-me a bola”. O capitão Passos afirmou: “Fomos muito infelizes”, enquanto Carlos Gomes, com uma excelente exibição, declarou: “Não desgostei da exibição, mas temos de lembrar-nos que estamos e princípio de época”.
Curioso o facto de, após o jogo, as equipas terem ido confraternizar para a Feira Popular.
Foto: A equipa leonina que se estreou nas competições europeias de Futebol.