30 de Junho de 1963. Na equipa do Sporting só Osvaldo Silva já vencera a Taça de Portugal (e logo duas vezes), pelo FC Porto e pelo Leixões. Para o Sporting-Vitória de Guimarães o Estádio do Jamor registou uma grande afluência de público (45.000 pessoas e 600 contos de receita) numa tarde de sol e bom futebol na qual o “desporto rei” viveu mais um dia de ótima propaganda.
É verdade que de Guimarães vieram centenas de minhotos em “combóios de esperança”, mas a esmagadora maioria da assistência era naturalmente leonina. Os adeptos do Sporting mostraram-se muito interessados por este jogo. Se por um lado era a possibilidade de obter a vitória nesta competição 9 anos depois, por outro havia o interesse de qualificação para um prova internacional de clubes – a Taça das Taças, que tanto daria que falar!
O técnico leonino era Juca, a equipa: Carvalho; Pedro Gomes, Lúcio e Hilário; Peridis e David Julius; Figueiredo, Osvaldo Silva, Mascarenhas, Geo e Morais.
Apesar de tudo o jogo até nem foi muito desequilibrado, mas a equipa do Sporting mostrou outros níveis de eficácia. A partida começou em toada morna com ambas as equipas a mostrarem algum receio e respeito pelo adversário. Porém, à passagem dos 20 minutos o Sporting inaugurou o marcador. Num livre direto a poucos metros do limite da área vimaranense, Osvaldo Silva arrancou um petardo que fez a bola bater estrondosamente no poste e ressaltar para o terreno – como que prevendo o desenlace na jogada, Figueiredo surgiu de pronto, a faturar na recarga.
Até ao intervalo, que chegou com 1-0, o Sporting foi a equipa mais veloz e prática, mas as oportunidades surgiram de parte a parte. Nos primeiros minutos da 2ª parte foram os minhotos a deter um maior domínio territorial que causou grande incerteza acerca do destino final da competição, mas aos 65 minutos os leões ganharam mais tranquilidade com a obtenção do 2º tento. Numa jogada rápida de contra-ataque, Osvaldo Silva invadiu a defensiva contrária e já quase sobre a linha de fundo centrou atrasado para Figueiredo, de novo, rematar na passada de pé esquerdo. 9 minutos depois, numa das suas execuções habituais de livres-diretos, Lúcio atirou um “míssil” à baliza vitoriana. Roldão nem a viu!
Aos 81 minutos o vimaranense Peres foi expulso por entrar de forma demasiado violenta às pernas de Péridis. A 1 minuto do final Mascarenhas, o melhor marcador da competição com 17 golos, obteve o 4-0 em sequência duma extraordinária jogada individual.
Pode dizer-se que os últimos 25 minutos de jogo foram algo penosos para os nortenhos perante a avalanche de futebol sportinguista. Lúcio, David Julius e Osvaldo Silva foram as grandes figuras duma equipa que encontrou muito mais oposição do que o resultado pressupõe, mas que soube superar as dificuldades com um misto de classe técnica e empenho.
O 4-0 foi o resultado mais desnivelado nos últimos 10 anos de finais da Taça. No final os vencedores deram a tradicional volta ao campo com fotografias e as habituais manifestações de regozijo. Na hora do triunfo os jogadores não esqueceram quem com eles colaborou. Juca (treinador) e Mário Cunha (chefe do departamento de futebol) foram “obrigados” a festejar também dentro do retângulo de jogo.
Depois era grande o entusiasmo na cabina da equipa vencedora. Todos se abraçavam e trocavam-se felicitações. Vivia-se intensamente o triunfo conseguido. Para o luso-brasileiro Lúcio: “Foi uma boa vitória, sem sombra de dúvidas. O resultado ficou certo. O Vitória foi um team que soube perder. Tive medo deles quando havia 1-0. Se nessa altura fizessem um golo talvez não ganhássemos o jogo, mas o nosso querer foi muito grande”.
Juca tinha ganho a Taça de Portugal 9 anos antes como jogador. Agora, no papel de técnico, estava radiante: “Foi uma vitória conseguida contra um adversário que nos deu muitas dificuldades. Lutando rijamente valorizou a nossa vitória e merecia um golo que fosse. Dedicamos esta vitória ao sr. Mário Cunha e seus companheiros de Direção, verdadeiros obreiros desta arrancada final”.