13 de Abril de 1919. Já não era virgem a situação. O Recreativo Huelva (quase todos os jogos internacionais das equipas portuguesas contemplavam adversários espanhóis) deslocou-se a Lisboa para defrontar por duas vezes o Sporting. Como sempre, as partidas foram rodeadas de enorme expetativa, causando grande impacto.

O 1º desafio fôra disputado na véspera e, para o Diário de Notícias: “O grupo espanhol jogou com grande combinação e conhecimento do que é o futebol”. Apesar de o Sporting (sem Artur José Pereira e Francisco Stromp) dominar mais no 1º tempo, os espanhóis não se desorientaram conseguindo realizar algumas avançadas magníficas. Na 2ª parte o jogo foi mais equilibrado, tendo os espanhois, na sequência dum canto, marcado de cabeça o golo da vitória. O Sporting reagiu, mas a defesa espanhola conseguiu anular todos os ataques leoninos.

Neste dia 13 realizou-se a 2ª partida, e foi bem diferente. Talvez devido ao esforço da viagem e do jogo anterior os espanhois não conseguiram jogar tão bem. Ainda assim os primeiros 20 minutos foram animadíssimos. Os ataques rápidos e bem conduzidos sucederam-se de parte a parte. O futebol largo e bem combinado patenteava claramente todas as figuras e toda a tática de jogo de ambas as equipas. Após esse período o jogo tornou-se menos interessante e até monótono por vezes, havendo apenas uma ou outra fase movimentada digna de registo. O Sporting apresentou uma equipa fortíssima, jogou com rara energia, dominou quase sempre e apontou 5 golos, dos quais o 3º, por Perdigão (foto de arquivo), “foi o melhor de todos pelo ataque que o precedeu e pelo remate rápido e oportuno”.

O desafio a que assistiram cerca de 4.000 pessoas, algumas pertencentes “às mais distintas famílias da nossa sociedade”, foi arbitrado na 1ª parte por Luís Plácido de Sousa –  que se mostrou pouco cuidadoso e algo parcial. Na 2ª parte arbitrou Picão Caldeira, muito bem.

À noite, os jogadores do Huelva e representantes do Sporting reuniram-se no Metrópole onde se bebeu champanhe e trocou brindes afetuosíssimos. 2 dias depois o Sporting ofereceu aos jogadores espanhóis um passeio a Sintra e almoço na vila. À noite, pelas 22 horas, proporcionou-lhes um ceia típica portuguesa na sua sede. No dia seguinte os espanhóis fizeram uma visita mais cuidada a Lisboa onde conheceram os  principais monumentos e pontos de interesse. Mais tarde os espanhóis fizeram questão de enviar para os jornais portugueses uma nota onde agradeciam a forma fidalga como foram tratados pelo público lisboeta e pelo Sporting pelas “carinhosas deferências” com que os receberam.

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