28 de Março de 1982. 23ª jornada do Campeonato Nacional. O Sporting tinha 5 pontos de avanço do Benfica mas perdera pela 1ª vez na prova no fim-de-semana anterior, no Bessa, e, mais grave até do que isso, perdera também Oliveira por 1 mês… Para o Benfica era o jogo do “alguma coisa” ou nada e o espetáculo foi eletrizante.
Num fresco fim de tarde, com uma grande enchente, a equipa (na foto) de Malcolm Allison: Meszaros; Barão, Carlos Xavier, Eurico e Marinho (Mário Jorge); Virgílio; Ademar, Lito e Nogueira (Freire); Manuel Fernandes (cap) e Jordão.
Logo aos 13 minutos de jogo o Benfica inaugurou, com alguma surpresa, o marcador. Carlos Manuel apontou um canto, Marinho afastou a bola de cabeça mas a equipa de arbitragem (chefiada por Marques Pires) considerou que a bola havia entrado diretamente. Nem a televisão conseguiu esclarecer completamente as dúvidas, e os jogadores sportinguistas protestaram veementemente o lance…
Os leões responderam bem e 7 minutos depois chegaram ao empate. Humberto Coelho carregou e depois derrubou claramente Manuel Fernandes dentro da área encarnada. Com um remate colocadíssimo Jordão obteve o empate. O intervalo chegou com 1-1.
O grande caso do jogo ocorreu aos 64 minutos. Numa avançada do Sporting, Manuel Fernandes e Bento tentaram chegar primeiro à bola. Foi o guarda-redes benfiquista a fazê-lo, mas o atacante sportinguista ainda tentou tocar o esférico, acabando por tocar, sim, na cabeça no guardião encarnado… Ato contínuo, Bento foi tirar satisfações e tocou Manuel Fernandes na cara com um grau de intensidade que nunca se saberá ao certo. No entanto o atacante leonino caiu ou lançou-se para o chão. Bento foi obviamente expulso e o guarda-redes suplente Jorge Martins entrou para substituir Paulo Campos. Na conversão da respetiva grande penalidade, com a frieza do costume, Jordão fez o 2-1.
A 12 minutos do fim Jordão penetrou como um “galgo” pela defesa encarnada a dentro e rematou bem. Jorge ainda defendeu para a frente, mas o leão não perdeu a chance de fazer um “hat-trick” que, praticamente, resolveu o Campeonato Nacional. O jogo foi muito indisciplinado com diversos cartões mostrados pelo árbitro. Na equipa sportinguista Jordão foi obviamente a grande figura, mas Virgílio e Lito também estiveram num dia particularmente inspirado.
No final o algo excêntrico mas super-competente Malcolm Allison sorria abertamente. Na sala de imprensa esperou que lhe enchessem o copo de champanhe e referiu: “Assistiu-se a um grande jogo caraterizado por aspetos invulgares. Ainda não somos campeões, faltam 7 jogos”. Antes da partida, como que dirigindo uma orquestra, Allison pôs todos os sportinguistas a puxar pela sua equipa. Comentando esse facto o inglês afirmou: “Era muito importante que o público incitasse a equipa. Ela necessita de ser apoiada de fora para dentro.” Quanto à falta de Oliveira: “Temos um conjunto de bons jogadores e Lito está em grande forma, nunca o vira jogar assim…”