Nasceu a 21 de Maio de 1892 no Largo do Intendente, em Lisboa. Aos 3 anos de idade foi viver para o Lumiar (pois adoecera e precisava de ar livre). Por lá moravam algumas famílias abastadas como a do Visconde de Alvalade, os Gavazzo, Borges de Castro e os 4 irmãos Rosa Rodrigues. Do convívio entre todos surgiu a ideia de criarem um grupo desportivo – o Campo Grande Futebol Clube, que não chegou a durar muito tempo.
Uma tarde, durante um piquenique em Loures, deu-se a cisão entre os associados e dela a fundação do Sporting. Desde essa data Francisco Stromp entregou-se ao clube de corpo e alma. Ele era reservado, pacato, mas entregava-se às causas em que acreditava com grande afinco. Merecia enorme respeito de todos pelo que as suas palavras dirigidas aos colegas e amigos eram escutadas atentamente e tidas como um estímulo para os momentos mais difíceis.
A 11 de Outubro de 1908 estreou-se oficialmente, apenas com 16 anos, na equipa principal de Futebol do clube numa partida frente ao União Belenense (1-0) para o Campeonato Regional, tendo-se nela mantido até à temporada 1923/24 (o seu último jogo foi a 10 de Fevereiro de 1924 frente ao Império – 0-1). Está por isso entre os terceiros jogadores que mais épocas estiveram no Sporting – 16, a par de Manecas e Mourão e apenas atrás de Jorge Vieira e Azevedo.
Pelo Sporting conquistou 1 Campeonato de Portugal e 4 Regionais lisboetas, que coincidiram com os primeiros troféus oficiais ganhos pelo clube.
Fez mais de 100 jogos de verde e branco como médio direito ou avançado centro. Capitaneou a equipa durante 10 anos e dirigiu-a de 1914/15 a 1917/18.
Em muitas situações, nas preleções emotivas que ministrava aos companheiros antes ou no intervalo dos jogos, as lágrimas chegavam a correr-lhe pela face e os próprios colegas acabavam também por chorar. No fim das partidas os colegas dirigiam-se ao “Chico” a agradeciam-lhe a forma como os “arrastara” para o triunfo.
Estudou até 1915, concluiu o curso dos liceus e fez o 1º ano do Instituto Superior Técnico.
Aos 23 anos ingressou na Escola de Oficiais Milicianos no forte da Ameixoeira. Era então o alferes Francisco Stromp e no dia em que recebia o soldo chegava a casa dos pais sem um vintém no bolso pois, pelo caminho, acudia aos companheiros de equipa e ficava de bolsos vazios. Nesses tempos, ao fim da tarde, aparecia no Café Martinho onde escrevia dezenas de postais convocando os jogadores sportinguistas para jogos e treinos.
Destacou-se ainda no Atletismo – nas estafetas (onde foi Campeão Nacional em 1911), nos 400 metros e no lançamento do disco. Depois de ter abandonado a atividade desportiva dedicou-se com a mesma alma e entusiasmo à vida do Sporting como dirigente.
A sua faceta solidária é bem exemplificada no seu comprometimento em cuidar da viúva e 2 filhos do seu malogrado colega Amadeu Cruz. Antes de morrer pediu a outro sócio que fizesse o mesmo com a a família do ex-colega.
Vitimado por uma doença fatal na época – a sífilis, decidiu colocar termo à vida com apenas 38 anos. Suicidou-se no dia do 24º aniversário do Sporting (1 de Julho de 1930) correndo de braços abertos e peito erguido para um comboio rápido que vinha de Madrid perto da estação de Sete Rios. Nunca mais foi esquecido e hoje dá o nome ao mais prestigiados galardões do Clube, os Prémios Stromp.
O número 3 de sócio está-lhe atribuído perpetuamente.
Foi condecorado pelo Governo, a título póstumo, com a Medalha de Mérito Desportivo, em Outubro de 1990.
FRANCISCO STROMP como treinador do SPORTING | ||||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % | TÍTULOS |
1914/15 | 10 | 9 | 0 | 1 | 37 | 8 | 90% | CR |
1915/16 | 8 | 3 | 1 | 0(4) | 19 | 1 | 43,8% | |
1916/17 | 8 | 4(2) | 1 | 1 | 21 | 4 | 81,3% | |
1917/18 | 4 | 2 | 1 | 1 | 9 | 3 | 62,5% | |
Total | 30 | 18(2) | 3 | 3(4) | 86 | 16 | 71,7% | 1CR |
Entre parêntesis – por falta de comparência