José Rodrigues Dias nasceu a 7 de Outubro de 1924 em Almada. Como futebolista foi guarda-redes, passou pelo Sintrense, mas nunca atingiu grande relevo. Ainda jovem formou-se em Educação Física iniciando a seguir uma longa carreira como preparador físico e treinador. Destaque aqui para o seu trabalho na Federação Portuguesa de Futebol, tanto nas camadas jovens como na Seleção A.
Estreou-se oficialmente como treinador do Sporting a 7 de Janeiro de 1978 (substituindo o brasileiro Paulo Emílio). A decisão não causou grande surpresa até porque o treinador brasileiro decidiu partir para o Brasil em época natalícia sem disso informar o presidente João Rocha – o que não caiu bem em Alvalade. Num processo de avanços e recuos, Paulo Emílio foi mesmo despedido e Rodrigues Dias assumiu. Ao que constou os jogadores ficaram satisfeitos. O defesa-direito Artur até afirmou na altura: “Era o prof. Rodrigues Dias que fazia todo o trabalho, pelo que… não há grande mudança”
No 1º jogo uma vitória em Alvalade por 3-0 sobre o União de Coimbra para os 1/16 final da Taça de Portugal. Na altura o Sporting ia em 3º no Campeonato e assim ficou no final, mas a 24 de Junho de 1978 conseguiu ganhar na finalíssima a sua 10ª Taça de Portugal, frente ao FC Porto.
Nesse 1º período como técnico principal, Rodrigues Dias lançou na 1ª equipa o jovem Ademar, que viria a ter algum protagonismo nos anos seguintes.
Apesar do sucesso na Taça, João Rocha preferiu contratar um novo técnico para a época seguinte – Milorad Pavic (que, aliás, já estava “apalavrado” há vários meses), ficando Rodrigues Dias como adjunto e preparador físico. Em final de temporada houve uma muito badalada digressão à China. Já como adjunto, e para surpresa de muitos, Rodrigues Dias pediu para não ir…
O treinador sérvio ficou toda a temporada de 1978/79 mas não foi além de novo 3º lugar no Campeonato e duma final da Taça de Portugal perdida perante o Boavista. Por mútuo acordo Pavic não permaneceu e João Rocha chegou então à conclusão de que seria a hora de apostar definitivamente em Rodrigues Dias, que iniciou a temporada de 1979/80 como treinador principal (com Fernando Mendes a adjunto).
As coisas até não começaram mal (apesar duma derrota no Restelo no 1º jogo oficial), mas uma derrota na Luz a 4 de Novembro e a eliminação na Taça UEFA com o Kaiserslautern 3 dias depois (acrescente-se que, no dia da partida na Alemanha, o jornal alemão “Bild” publicou um artigo em que se falava num grande escândalo segundo o qual a turma germânica tinha “comprado” o juiz da partida. O assunto, que podia e devia ter sido explorado pela UEFA, deu em nada…) “poluiram” o ambiente, que pior ficou depois de Rodrigues Dias se ter insurgido contra uma digressão a Angola realizada ainda nesse mês. Todos esses factos precipitaram nova substituição no comando técnico, assumido agora por Fernando Mendes (com Srecko Radisic a adjunto). Acrescente-se ainda que Fidalgo, Eurico, Helinho, José Eduardo, Vaz, Mário Jorge e Artur Neto estrearam-se todos oficialmente com a camisola verde e branca sob o comando de Rodrigues Dias.
A verdade é que no final da temporada o Sporting conquistou o seu 15º Campeonato Nacional, e parte dos “louros” têm de ser obviamente atribuídos a Rodrigues Dias, que fez a planificação da temporada e ainda dirigiu a equipa em 13 jogos oficiais (9 dos quais para o Campeonato – quase 1/3 da competição).
Depois continuou vários anos a treinar. Passou por clubes como Beira-Mar, Vitória de Setúbal e Belenenses sem feitos de monta.
Morreu em Queijas, a 27 de Setembro de 2007.
RODRIGUES DIAS como treinador do SPORTING | ||||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % | TÍTULOS |
1977/78 | 24 | 17 | 2 | 5 | 43 | 22 | 75 | TP |
1979/80 | 13 | 7 | 3 | 3 | 25 | 12 | 65,4 | CN |
TOTAL | 37 | 24 | 5 | 8 | 68 | 34 | 71,6 | 1CN – 1 TP |