Amadeu Cruz, homem de origens muito humildes (como acontecia com a esmagadora maioria dos portugueses na altura) era guarda-redes do União Belenense (que depois se viria a tornar no Belenenses) quando chegou ao Sporting no Verão de 1911.

Os leões já tinham 3 bons guardiões, e por isso o novo jogador começou a alinhar como médio-esquerdo por opção de Daniel Queiroz dos Santos (capitão-geral da equipa e o homem que fazia “as linhas”). Curiosamente, e apesar de se ter imposto logo como elemento importante no meio-campo, Amadeu Cruz foi “transferido” na época seguinte para a defesa onde fez parelha com Jaime Cadete. Em 1913/14 a dupla manteve-se. Amadeu Cruz era cada vez mais visto como um defesa-direito de bons recursos, humilde, trabalhador e eficaz.

A 19 de Julho de 1914 contribuiu para que a equipa de futebol do Sporting conquistasse o seu 1º troféu de âmbito nacional – os Jogos Olímpicos Nacionais, ao bater na final o Império por 5-1.

A temporada 14/15 foi histórica. Finalmente conseguiu-se ganhar o tão ansiado Campeonato Regional de Lisboa. Amadeu Cruz foi uma das figuras da equipa, fazendo dupla defensiva com o estreante (que se viria a tornar mítico) Jorge Vieira.

Até ao defeso de 1920 Amadeu Cruz manteve-se sempre de “pedra e cal” como defesa-direito da 1ª categoria do Sporting, sagrando-se mais uma vez Campeão Regional em 1919.

Para 1920/21, com a chegada do categorizado Joaquim Ferreira à equipa, houve surpresa com o regresso de Amadeu Cruz à baliza, tantos anos depois. A verdade é que o abnegado “leão” deu excelente conta de si. Em 1922 (já com Augusto Sabbo como treinador) ganhou mais um Regional, feito que repetiu em 1923, para além de fazer parte do grupo (já com Cipriano como titular) que conquistou o 1º Campeonato de Portugal para o palmarés sportinguista.

Alinhou pela última vez oficialmente a 25 de Fevereiro de 1923 na 1ª vez que o Sporting recebeu oficialmente o Belenenses. O jogo realizou-se no Campo Grande e os leões triunfaram por 2-1 à 6ª jornada do Regional.

Totalizou 12 épocas e cerca de 85 jogos oficiais como futebolista do Sporting, tendo ganho 1 Campeonato de Portugal e 4 Campeonatos Regionais de Lisboa.

Entretanto adoeceu gravemente e pediu a Francisco Stromp que cuidasse da mulher e dos filhos quando a morte o “levasse”, situação que o companheiro viria a cumprir como homem de palavra que era.

No jornal do Sporting de 15 de Março de 1924 escreveu-se: “Um baluarte na baliza do Sporting, que desapareceu prematuramente. Vindo do antigo União Belenense, Amadeu ligou ao Sporting a fase áurea da sua carreira desportiva, primeiro como defesa (durante algumas épocas) e por último como guarda-redes de grandes recursos. Garantiu a conquista de Campeão de Lisboa de 1922, ao defender brilhantemente um penalty no derradeiro jogo dessa época. Exemplarmente modesto e “leão de coração”, Amadeu Cruz considerava-se um soldado das hostes leoninas e lutava com bravura pelos êxitos do Sporting. Agora que a morte o venceu na flor da idade, ficou um vazio muito difícil de preencher. A dívida do nosso clube para com ele só ficará saldada através da reparação que nos compete, olhando pelo futuro da viúva e dos dois filhos pequenos que ficaram em muito má situação. É isso que vamos fazer, dando prova do elevado conceito moral do nosso clube, que não esquece quem viveu pelo seu ideal.”

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