Fernando Gomes Ribeiro Vaz nasceu a 5 de Agosto de 1918 em Benguela – Angola. Com pouco mais de 1 ano, e após a morte do pai (empresário na área da borracha) veio para Portugal com a mãe (Trás-os-Montes). Alguns anos depois chegou a Lisboa com os 4 irmãos, pois a sua progenitora concluiu que no interior norte de Portugal não lhes conseguiria proporcionar um futuro radioso.
Ingressou na Casa Pia com 9 anos. Lá começou a jogar futebol e aos 16 anos empregou-se no Banco Lisboa & Açores por intermédio de Cândido de Oliveira. Aos 22 deixou o futebol e aos 26 tornou-se gerente duma casa comercial que pouco tempo depois faliu. Por essa altura, já escrevia no “Diário de Lisboa” e na “Stadium”. Mal perdeu o emprego, Cândido de Oliveira convidou-o (em 1946) para redator de “A Bola”, jornal no qual seria rapidamente chefe de redação.
Chegou ao Sporting para exercer o cargo de treinador-adjunto da equipa técnica liderada por Cândido de Oliveira no início da temporada de 1947/48. Em 1949/50 passou a coadjuvar Sandór Peics e na época seguinte passou a ser Randolph Galloway o treinador principal dos leões. Essas foram temporadas de grande sucesso para o Futebol do Sporting, e onde o jovem técnico colheu preciosos ensinamentos que lhe seriam preciosos anos mais tarde.
Em 1951/52 deixou o Sporting e tornou-se treinador principal do Belenenses. Depois veio o Vitória de Setúbal (que subiu à 1ª divisão). Passou a ser apenas colaborador de “A Bola” (que o tempo não dava para tudo) e foi para Braga onde construiu uma equipa que jogava explendorosamente. Chegou então à Seleção Nacional, onde era treinador e teve como selecionador Cândido de Oliveira.
Outra vez por indicação de Cândido de Oliveira (substituindo-o) foi para o FC Porto onde permaneceu pouco tempo e se mudou para Guimarães. Esteve depois no Caldas, Vitória de Guimarães (outra vez) e Belenenses (onde criou muitos anti-corpos por afastar Matateu).
No Verão de 1959 foi contratado para técnico principal dos leões por 70 contos de prémio e 10 contos mensais. As coisas começaram bem, mas a 18 de Janeiro de 1960 o Sporting perdeu a liderança para o Benfica ao empatar 2-2 em Coimbra. Inesperadamente, e numa decisão absurda, a direção leonina decidiu despedi-lo, substituindo-o por Imbelloni (que treinava os juniores) – ao que se disse Vaz não permitia interferências presidenciais no seu trabalho… O novo técnico também não chegou ao final da temporada (ainda entrou Alfredo González) e os leões acabaram por nada ganhar, conseguindo o 2º lugar no Campeonato e a final da Taça de Portugal…
Mais um longo período de ausência se seguiu. Foi para a CUF e depois para Setúbal onde venceu duas Taças de Portugal em 4 finais.
Brás Medeiros arrependeu-se e voltou a chamar Fernando Vaz para treinador leonino nos 2 últimos jogos de 1968/69 (duas derrotas frente à Académica nas meias-finais da Taça de Portugal) e preparar a época seguinte. Aí, em 1969/70, numa equipa técnica em que também couberam Mário Lino e Moniz Pereira, levou os leões à conquista do seu 13º Campeonato Nacional e à final da Taça de Portugal. Permaneceu na temporada seguinte, e venceu a Taça de Portugal com 4-1 ao Benfica, quedando-se pelo 2º lugar no Campeonato. Ainda começou a época que se seguiu, mas um empate na Tapadinha (0-0) a 6 de Fevereiro de 1972 e uma distância já longa para o comando do Campeonato levaram-no a rescindir o contrato, alegando que o Sporting não lhe tinha pago os ordenados na data certa. Nunca mais voltou ao Sporting, o seu clube de coração. É o 4º treinador da História do clube (a par de Juca) com mais jogos no comando da sua equipa principal de Futebol – 117.
Em 1972 ainda fez da Académica campeã nacional da 2ª Divisão. Andou mais tarde pelo Atlético CP, Beira Mar (subiu ambos à 1ª divisão) e Marítimo. Em 1979 terminou a carreira de treinador. Passou outra vez a escrever para “A Bola” e alargou a sua atividade à política, tendo sido vereador da Câmara Municipal de Lisboa, eleito pelo Partido Socialista.
Morreu a 25 de Agosto de 1986.
FERNANDO VAZ como treinador do SPORTING | ||||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % | TÍTULOS |
1959/60 | 16 | 12 | 3 | 1 | 46 | 11 | 84,4 | |
1968/69 | 2 | 0 | 0 | 2 | 1 | 3 | 0 | |
1969/70 | 39 | 29 | 7 | 3 | 89 | 30 | 83,3 | CN |
1970/71 | 38 | 23 | 9 | 6 | 95 | 23 | 72,4 | TP |
1971/72 | 22 | 14 | 4 | 4 | 44 | 20 | 72,7 | |
TOTAL | 117 | 78 | 23 | 16 | 275 | 87 | 76,5 | 1CN – 1TP |