Manuel Soares Marques nasceu a 1 de Agosto de 1917 em Lisboa. Depois de frequentar a Escola Industrial, seguiu a profissão de carpinteiro de barcos no Arsenal da Marinha, mas acabaria por entrar, por concurso, para o Grémio dos Armazenistas de Mercearia.
Muito cedo começou a dar os primeiros pontapés na bola. Como chegava muitas vezes a casa com os joelhos esfolados, a mãe deu-lhe um lenço branco para que levasse sempre consigo para curar os ferimentos. O hábito pegou, e ao longo da sua vida desportiva recebeu sempre da mãe, no início de cada época, um lenço branco imaculado, que nunca utilizava mas que se tornou em si uma imagem de marca, funcionando até como um talismã.
Chegou ao Sporting com 15 anos, para a equipa de infantis, estreando-se oficialmente na 1ª categoria a 15 de Março de 1936 (com o técnico Wilhelm Possak) num Sporting-Belenenses (4-1) para o Campeonato da Liga e como ponta-direita. Na época seguinte ganhou o estatuto de titular como médio esquerdo. A 25 de Abril de 1937 fez o seu 1º golo, numa receção ao Carcavelinhos (8-0) para o Campeonato da Liga.
Só a partir da temporada 1942/43 se fixou como defesa-esquerdo, para nos últimos 3 anos da carreira ser utilizado como defesa/médio centro.
Após 16 épocas no Sporting, tornou-se (a par de Mourão e Francisco Stromp) o 3º jogador com mais anos de permanência no clube de Alvalade, onde conquistou 21 títulos (aí só superado por Azevedo): 8 Campeonatos Nacionais, 4 Taças de Portugal e 9 Campeonatos Regionais de Lisboa. Fez 355 jogos oficiais pelo Sporting e marcou 4 golos.
A sua partida de homenagem (uma prática corrente na altura) foi jogada a 5 de Outubro de 1950. O adversário foi o Benfica, e o Sporting triunfou por 8-1, a maior goleada de sempre entre os 2 velhos rivais. Despediu-se oficialmente a 21 de Janeiro de 1951 num jogo frente ao FC Porto (0-3) para o Campeonato Nacional.
Foi duas vezes internacional A, numa carreira pautada por uma conduta exemplar, que lhe valeu grande amizade e consideração de todos os agentes ligados ao Futebol. Apesar disso não deixava de ser brincalhão, e ficaram célebres as partidas que fazia ao treinador Szabo (e que tanto o irritavam) das quais a mais badalada era esconder os célebres bonecos com que o técnico húngaro explicava as táticas aos seus pupilos.
Morreu a 20 de Fevereiro de 1987.