Manuel José Jesus Silva nasceu a 9 de Abril de 1946 em Vila Real de Santo António. Começou por jogar no Algarve e, ainda muito jovem (e um pouco contrariado – era sportinguista), chegou ao Benfica. Nos encarnados chegou a sénior mas não “vingou”, passando depois por vários clubes de menor nomeada como Belenenses, União de Tomar, Sporting Farense, Beira Mar e Sporting de Espinho.
Com apenas 32 anos foi convidado para treinar os espinhenses (acabados de descer) ao mesmo tempo que ainda jogava. Subiu-os à 1ª divisão e começou aí uma carreira interessante como técnico.
Passou mais tarde, com sucesso, por Vitória de Guimarães e Portimonense (levou ambos à Europa) até, no Verão de 1985, ser contratado por João Rocha para liderar o Sporting. Quando chegou afirmou que o Sporting de Toshack jogava em “pontapé para a frente e fé em Deus”, o que fez criar grandes expetativas (pois, apesar de nada terem ganho com o técnico inglês, os leões eram bastantes ofensivos e eficazes).
Começou bem, com 6 triunfos consecutivos, mas depois surgiu alguma irregularidade e o Campeonato foi perdido. Na penúltima jornada, ao vencer na Luz, “roubou” o título ao Benfica e entregou-o “de bandeja” ao Porto. Na Taça UEFA fez um excelente percurso interrompido com muita infelicidade à mistura nos quartos-de-final frente ao Colónia da Alemanha. Essa temporada ficou marcada pela afirmação de Fernando Mendes e pela saída “pela porta pequena” de Jordão (algo que muitos sportinguistas nunca perdoaram ao técnico algarvio).
Ficou para o ano seguinte, e com ele o Sporting bateu o recorde entre equipas portuguesas de maior goleada fora para as competições europeias (que se mantém) – 9-0 em Akranes. Para o Campeonato bateu também o recorde de goleadas nos derbis entre Sporting e Benfica (7-1). Na UEFA foi mais uma vez muito infeliz, eliminado pelo FC Barcelona quase no final duma excelente partida em Alvalade. No Campeonato, com muitas “manobras escuras” pelo meio, acabou por perder o “combóio do título” o que levou à sua substituição em inícios de Janeiro.
Depois duma curta permanência em Braga voltou ao Sporting com o presidente Jorge Gonçalves na parte final da época 1988/89 quando já só restavam esperanças na Taça de Portugal. Acabou eliminado no Restelo e terminou o Campeonato em 4º (posição que o clube tinha à sua chegada). Com Sousa Cintra, ficou para a época seguinte. Perdeu a eliminatória europeia por penaltis (com o Nápoles de Maradona) e foi deixando muitos pontos no Campeonato. A 10 de Dezembro foi eliminado da Taça de Portugal pelo Marítimo, em Alvalade, e não resistiu…
Dele ficou a ideia dum técnico de convicções fortes, até um pouco “cheio de mais de si mesmo” para a qualidade dos resultados apresentados. Ainda assim, com ele a equipa sportinguista atingiu alguns pontos altíssimos mas revelou sempre uma enorme falta de pragmatismo nos momentos decisivos. Essa altura era também de grandes “manobras” na arbitragem que prejudicavam incrivelmente o Sporting…
Passou depois por Espinho, Boavista (onde permaneceu 5 anos com grandes resultados), Marítimo, Benfica (com efeitos desastrosos) e União de Leiria (outro grande trabalho). Em 2001 foi para o Egipto com resultados magníficos. Voltou a Portugal para o Belenenses mas rapidamente regressou ao Al-Ahly onde se tornou uma grande figura no “país dos faraós”, merecendo inclusivamente a mais alta condecoração que pode ser dada a um estrangeiro pelo estado egípcio. Em 2009 e 2010 esteve na Selecção de Angola sem grandes resultados. Em 2011 assinou pelo Al-Ittihad da Arábia Saudita mas no mesmo ano voltou ao Al-Ahly. Em 2013/13 treinou o Persepolis do Irão.
MANUEL JOSÉ como TREINADOR do SPORTING | |||||||
ÉPOCA | J | V | E | D | GM | GS | % |
1985/86 | 43 | 27 | 8 | 8 | 87 | 35 | 72,1% |
1986/87 | 23 | 14 | 3 | 6 | 49 | 18 | 67,4% |
1988/89 | 10 | 5 | 1 | 4 | 12 | 12 | 55% |
1989/90 | 14 | 7 | 4 | 3 | 15 | 9 | 64,3% |
TOTAL | 90 | 53 | 16 | 21 | 163 | 74 | 67,8% |